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Espermograma


O espermograma é um tipo de exame que analisa as condições físicas e composição do sêmem humano. É utilizado para avaliar a função produtora do testículo e problemas de esterilidade masculina. O exame de espermograma é ainda a principal maneira de avaliar o potencial reprodutivo masculino e o controle da vasectomia.




Neste exame as características físicas e químicas do sêmen são avaliadas, bem como a concentração, motilidade (movimentação) e morfologia (forma) dos espermatozóides.


Objetivos: 

    Avaliar a fertilidade masculina;
    Comprovar a eficácia da vasectomia;
    Detectar sêmen no corpo ou na roupa de vítima suspeita de estupro;
    Excluir paternidade.

Preparo do Paciente

Para obter resultados de maior fidelidade o paciente deve ficar em abstinência sexual de três (mínimo) a cinco dias (máximo), pois a quantidade e qualidade do esperma é afetada pela quantidade de vezes que o homem ejacula. 

Coleta

A coleta deve ser bem feita para que a avaliação da fertilidade masculina seja precisa. Para isso, o paciente deve receber orientações detalhadas.

As amostras devem ser colhidas em recipientes estéreis após 3 dias de abstinência sexual.
A coleta é feita por masturbação automática. A sala de coleta deveria ser apropriada para que o paciente se sinta à vontade. Sempre que possível, a amostra deve ser colhida em laboratório, mas se isso não for viável, deverá ser mantida em temperatura ambiente e entregue em até uma hora ao laboratório, onde deverá ser anotado a hora da coleta, e não a hora do recebimento da amostra.

Não se recomenda o uso de preservativos na coleta de amostra para exames de infertilidade, pois podem conter substâncias espermaticidas e lubrificantes. É importante respeitar o prazo de abstinência sexual, pois em um período maior de abstinência podemos encontrar um aumento de espermatozóides mortos e baixa motilidade, enquanto que se o período for menor do que o estipulado podemos encontrar formas imaturas (espermátides), e diminuição da concentração de espermatozóides.


Na avaliação de casos de infertilidade, são analisados os seguintes parâmetros: volume, viscosidade, pH, contagem, motilidade, morfologia dos espermatozóides e, o tempo de coagulação e liquefação.

Análises Macroscópicas

    Volume;
    Aspecto;
    Cor;
    pH;
    Odor;
    Viscosidade;
   Tempo de coagulação e liquefação

Tempo de Coagulação e Liquefação

O esperma é ejaculado na forma líquida, permanecendo líquido por ± 5 à 6 minutos. Só então começa a coagular-se. O esperma permanece coagulado por no máximo 30 minutos, se liquefazendo novamente de forma definitiva devido à ação das enzimas proteolíticas (provenientes da próstata).

Este mecanismo é responsável pela sobrevivência dos espermatozóides. O líquido seminal é lançado no interior da vagina e automaticamente se coagula. Próximo ao canal cervical este coágulo vai se desfazendo (liquefazendo) e, deste modo os espermatozóides são lançados íntegros ao interior do cérvix, podendo assim fecundar o óvulo. Este coágulo age como um tampão ao pH  vaginal que é ácido e, como proteção aos espermatozóides contra o ataque de bactérias.

Interpretação:

Liquefação completa até 60 minutos – ação das enzimas do líquido seminal
Liquefação incompleta – disfunção prostática, coágulos de proteína, infecção seminal.
Volume e Viscosidade

O volume normal do sêmen é de 2 a 5 ml.

Para medí-lo, despeja-se a amostra em tubo cônico graduado.
A viscosidade pode ser determinada enquanto a amostra está sendo despejada no tubo cônico: se normal, a amostra gotejará e não se mostrará aglutinada ou filamentosa. Deve-se ter certeza de que a amostra se liquefez por completo antes da determinação da viscosidade.

Interpretação:

Normoespermia: volume entre 2 e 5 ml

Hipoespermia (volume diminuído): obstrução ou agenesia/hipoplasia das vias eferentes (ductos ejaculatórios, vesículas seminais ou deferentes) ou por não obedecido o período de abstinência sexual.

Hiperespermia (volume acima de 5 ml): ocasionado por um período maior de abstinência sexual ou hiperatividade da vesícula seminal ou por um processo inflamatório.

Aspermia (ausência do ejaculado após orgasmo): alteração neurológica dos mecanismos de emissão ou ejaculação retrógrada.

Viscosidade: filância – 3 a 5 cm: normal
                                  – menor 5 cm: infecção seminal

Aspecto e Cor

Na ejaculação o sêmen apresenta-se espesso e gelatinoso, após ± 5 minutos torna-se fluido e opalescente (opaco).

Interpretação:

Branco opalescente ou acinzentado: normal
Ligeiramente amarelado: normal – aumento do nº de gametas
Amarelado: leucospermia
Avermelhado: hemospermia – hemorragia, rupturas de vasos (próstata e/ou vesícula seminal)

Odor

“ Sui gêneris” 

Amoniacal. Torna-se mais forte quando é maior o período de abstinência sexual ou hiperfunção prostática.

O odor é proveniente de 3 substâncias de origem prostática:

    Putrescina
    Espermina
    Espermidina.

pH

O pH do sêmen normal é ligeiramente alcalino, de 7,2 à 8,0.
Pode ser medido com o uso de papel tornassol – papel sensível ao pH (pHâmetro).
Se a relação entre o líquido prostático e o seminal for anormalmente elevada, o pH poderá ser mais ácido. Esperma recém-emitido, sem estar exposto ao ar livre, é geralmente alcalino (8,0 á 9,0).

Interpretação:

Básico: prostatite
Ácido e volume reduzido: obstrução dos ductos ejaculatórios, vesículas seminais ou ductos deferentes.

Morfologia

Na análise da morfologia observam-se cauda e cabeça. A infertilidade pode ser causada por espermatozóides morfologicamente incapazes de fertilizar.

O espermatozóide normal tem cabeça oval e cauda longa e afilada. As anormalidades estruturais da cabeça dificultam a penetração no óvulo. A motilidade é mais difícil nos espermatozóides com caudas duplas ou espiraladas. Considera-se normal a amostra que contenha menos de 30 % de formas anormais.

É analisado pela coloração de panótico rápido, leishman, giemsa ou papanicolau no aumento de 1000 x.
Faz-se um esfregaço redondo em lâmina.
Contar 100 células (espermatozóides).

Interpretação:

Cabeça oval, lisa, sem defeitos de peça intermediária ou cauda: normal
Menos de 4% espermatozóides ovais: prognóstico ruim
De 4 a 14% espermatozóides ovais: prognóstico bom
Acima de 14% espermatozóides ovais: prognóstico excelente

Motilidade

A motilidade é muito importante, pois depois de chegarem ao colo do útero, os espermatozóides precisam deslocar-se através das tubas uterinas e alcançar o óvulo. Os espermatozoides devem ser avaliados em seu movimento progressivo para frente.

Considera-se normal uma motilidade mínima de 50% à 60% com boa qualidade em amostras analisadas dentro de 3 horas.
Pipetar 50 µl do esperma em lâmina com lamínula.
Observar ao microscópio 100 espermatozóides.

Interpretação:

% estáticos (parados)
% direcionais
% não direcionais

Normalidade: 50% com progressão A e B ou 25% com progressão A nos primeiros 60 minutos após a ejaculação.

Grau A: progressão linear rápida;
Grau B: progressão linear lenta ou irregular;
Grau C: sem progressão, movimentos circulares;
Grau D: imóveis;


Vitalidade

Técnica: coloração com eosina
Realizada quando o nº de espermatozóides móveis é inferior a 30%.
Preparar em um tubo de ensaio: 100 µl do esperma + 100 µl de eosina amarela.
Pipetar 50 µl desta mistura e montar uma lâmina com lamínula.
Observar ao microscópio 100 espermatozóides.

Interpretação:

Corados em rosa: espermatozóides mortos

Não corados ou brancos: espermatozóides vivos

Normalidade: 75% de espermatozóides vivos


Contagem em Câmara de Neubauer

Preparar uma diluição 1:40 (0,1ml de sêmen + 3,9ml sol. fisiológica).
Contar 4 quadrantes laterais e multiplicar o resultado por 100.000.

Detalhes do cálculo:             

Y espermatozóides X 40 (diluição)     
  ..........................................................................................
4 (quadrantes) X 0,1 µl (volume câmara neubauer)



Resultado: y espermatozóides/µl

Obs.: 0,1 ml = 100 µl
          1,0 ml = 1000 µl

Sendo o resultado expresso em ml, deve-se multiplicar o valor do cálculo acima por 1000 e o resultado final pelo volume do ejaculado. Assim obtêm-se o valor total de espermatozóides encontrado em todo volume do ejaculado em mm³.

Os valores normais comumente vão de 20 a 160 milhões/mm³.

Leucócitos e Hemácias:

A contagem de leucócitos e hemácias é feita na câmara de neubauer ao mesmo tempo que se faz a contagem dos espermatozóides.

Contar 4 quadrantes e multiplicar por 1.000.
Valor normal: até 1.000 células/mm³ (hemácias e leucócitos).

Eritrospermia:  1.000 hemácias/mm³
Leucospermia:  1.000 leucócitos/mm³


Teste de Sims-Huhner (Teste de penetração pós coital)

Este teste consiste em avaliar a interação entre os espermatozoides e o muco cervical após o coito natural. No período fértil, o corpo feminino produz um muco cervical elástico e consistente que é normalmente apropriado para a trajetória dos espermatozoides. O teste somente pode ser aplicado durante o período fértil, normalmente logo antes da ovulação, que é o período em que o muco encontra-se mais elástico e apropriado.  Em ciclos anovulatórios (sem ovulação), não há como se aplicar este teste, uma vez que não haverá o muco apropriado.  Se o médico observar que o muco encontra-se com características inapropriadas, não há a necessidade de aplicar o teste, pois o resultado deverá ser negativo.

O resultado é positivo quando num microscópico com aumento de 400 vezes se observa 5 a 10 espermatozoides com progressão linear por campo. Um teste positivo indica que as condições hormonais feminina estão corretas, o coito foi apropriado, o ambiente do colo uterino está propício, os espermatozoides estão em boas condições e não há reações imunológicas adversas contra os espermatozoides.  No entanto não é uma garantia de que os espermatozoides conseguirão alcançar o óvulo e penetra-lo. O teste de Sims-Huhner negativo indica alguma dificuldade neste complexo processo.  Podendo tratar-se de problemas no ato sexual.  Ou relacionar-se com alterações hormonais femininas, desde a não ovulação a apenas a produção inapropriada do muco cervical.  Alterações nos espermatozoides também podem explicar o resultado. O resultado pode se alterar entre um ciclo e outro.  É possível que o momento escolhido para a realização do teste não tenha sido o mais propício, pois o muco não é constante em todo o período fértil. 

Teste de Imobilização ou Isojima

Este teste consiste na avaliação de imobilização do espermatozoide.

Peroxidase ( P.A.S ) - Análise das células redondas (Teste de ENDTZ)

Teste que determina a presença de leucócitos

 1 milhão de células redondas P.A.S positivas por mililitro de sêmen.
 1 milhão/ml é sinal de infecção aguda.
 
Swelling Test (teste de hiposmolaridade):

Utilizado para avaliar a integridade da membrana espermática. Normal: > 50% de espermatozóides inchados.
 
Teste de anticorpo anti-espermatozóides (MarScreen)

Utilizado para análise da presença de anticorpos anti-espermatozóides.
 
Valores de referência:
0 a 10%: negativo
11 a 30%: duvidoso
> 30%: positivo
 
Capacitação espermática

Esta técnica torna o espermatozoide apto a fertilizar, após um processo de lavagem e migração ascendente ou descendente.
 
Teste de Kremer

Avalia a capacidade de penetração espermática no muco cervical.
 
Teste de penetração espermática ou "teste de Alexander"
Avalia a capacidade dos espermatozóides de penetrar no muco cervical.

Fatores que podem interferir nos exames

 Tabaco
 Álcool
 Exercícios excessivos
 Cafeína
 Substâncias psicotrópicas
 Stress
 Chumbo
 Vibração excessiva
 Defeitos genéticos
 Alterações hormonais
 Infecções
Terminologia

Normozoospermia: ejaculado sem alterações segundo os critérios de normalidade

Hipoespermia: volume de ejaculado menor que 1,5 ml

Hiperespermia: volume de ejaculado maior que 5,0 ml

Azoospermia: ausência de espermatozóides. Ocorre em indivíduos vasectomizados, evolução da oligozoospermia ou destruição bilateral de testículos e epidídimos.

Aspermia: ausência do ejaculado.

Teratospermia: morfologia normal menor que 14%

Oligozoospermia: quantidade diminuída de espermatozóides. Pode ser: leve (de 20 à 15 milhões/ml), moderada (de 10 à 15 milhões/ml) e severa (abaixo de 10 milhões/ml). A causa destas variações podem ser desde infecções do trato genital, anomalias cromossômicas (síndrome de Kleinifelter), alterações hormonais e até períodos insuficientes de abstinência sexual. 


Referência Bibliográficas

Aitken R.J., Clarkson J.S. - Significance of reactive oxygen species and antioxidants in defining the efficacy of sperm preparation techniques. J. Androl., 9 : 367-376, 1988.

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Bedford J.M. e Chang M.C. - Significance of the need for sperm capacitation before fertilization in eutherian mammals. Biol. Reprod., 28 : 108-120, 1983.

Blumenfeld Z., Nahhas F. - Pretreatment of sperm with human folicular for borderline male infertility. Fertil. Steril., 51 : 863-868, 1989.

Campos M.S., Oliveira J.B.A. - Embryo cleavage rates after oocyte insemination with capacitated sperms in the presence or absence of follicular fluid. Gynecol. Obstet. Invest., 37: 145-149, 1994.

Embriologia Clínica, Moore, Persaud 7ª Edição
LIMA, A. Oliveira. et. al. Métodos de Laboratório Aplicados à Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001

MILLER, Otto. et al. Laboratório para o clínico. 8.ed. São Paulo: Atheneu, 1999.


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